Feedback significa retorno ou resposta. Se alguém fala ou faz algo, eu posso responder como isso “bateu” aqui do lado de cá, ou seja, como este comportamento reverberou quando se chocou com o meu mundo, já repleto de verdades e expectativas. 

Apesar de ser um termo que se empresta lá do universo do trabalho para falar de desempenho e performance, eu vejo total sinergia deste conceito com a comunicação no casamento, ou relacionamento amoroso de forma geral.

Mesmo no mundo corporativo feedback não é necessariamente relacionado com uma relação hierárquica, em que alguém mais entendido (líder) faz uma análise do comportamento, forças e fraquezas de alguém mais júnior (liderado). Feedback é via de mão dupla, e assim pode ser oferecido com generosidade por ambas as partes.

E ele tem TUDO a ver com o relacionamento de casal. Ou pelo reflete de forma bem prática tudo aquilo que aprendemos sobre comunicação positiva. Então aí está um resumo do que aprendi recentemente numa certificação em liderança (créditos para a Lepaya pelo conteúdo), aplicada ao universo do amor.

A regra do Elogio 4 x 1

Existem motivos razoáveis para defendermos nossa falta de familiaridade com os elogios. Só para citar alguns que se passam comigo: nos sentimos envergonhados; achamos que não é necessário abordar o óbvio (afinal o outro já sabe no que é bom); não queremos parecer articificiais massageando o ego alheio; não queremos dar a entender que tudo está bem quando de fato estamos chateados com “y”, ainda que “x” esteja ótimo; ou, mais simplesmente, nos falta prática, não estamos habituados a elogiar.

Os entendidos dizem que, para cada feedback construtivo (aka crítica), deveríamos prover ao outro quatro elogios. Inicialmente essa média me parece desbalanceada, mas faz sentido se pensarmos em como o cérebro funciona. Existem várias teorias que tentam explicar porque o cérebro parece guardar mais memórias negativas do que positivas. Uma delas diz respeito às nossas raízes evolucionárias, já que lembrar-se de uma experiência traumática é muito mais importante para nossa sobrevivência do que a memória de algo bom. Existe também o viés de negatividade, um fenômeno psicológico em que as pessoas tendem a dar mais peso às experiências negativas do que às positivas. Isso pode ser um mecanismo de defesa que ajuda a pessoa a se preparar para situações potencialmente perigosas.

Seja lá como for, as críticas deixam marcas mais profundas que os elogios, então talvez a regra de 4x1 faça mesmo sentido afinal. Mas como começar? Vão aí três sugestões:

1. Duração: um bom elogio dura em torno de um minuto (ou seja, nem um segundo, nem dez minutos). Um minuto é o tempo suficiente para elaborar a mensagem. Elogios de um segundo são mais frequentes, mas menos eficientes. Parece absurdo pensar que podemos elogiar alguém em um segundo, mas fazemos isso o tempo. Pense naquela interjeição ou palavra que queria dizer alguma coisa, mas deixa o real significado no ar. Exemplo: aquele “olhaaaa eleeee!” depois perceber que o seu parceiro lavou o louça. Há também aquele elogio de dez minutos que elabora tanto que perde o fio da meada.

2. Impacto: inclua no elogio o impacto da ação. Mostre o que aquele comportamento trouxe de positivo e o quanto isso é importante para você. Ex.: “Obrigada por ter comprado meu bolo preferido. Eu estava super estressada com aquela apresentação no trabalho e no momento em que vi o bolo me senti mais tranquila, porque sabia que você estava torcendo por mim. Você foi muito carinhoso.”

3. Treino: dizem que a prática leva à perfeição. Se você não é do tipo que costuma fazer isso (🙋🏼‍♀️), então significa que precisará ser intencional. Que tal colocar como meta elogiar uma pessoa por dia? Pode parecer artificial, mas não é se o elogio for sincero (e de preferência seguindo a regra de um minuto + impacto). Aos poucos isso virá de forma mais natural, mas no começo é preciso incorporar isso ao comportamento. Comece a buscar oportunidades para elogiar seu parceiro, seus filhos e o pessoal no trabalho.

O combinado não sai caro

Falar que a boa comunicação é o centro de tudo é chover no molhado, mas é fato. Boa parte das brigas se origina na nossa incapacidade de comunicar a nossa expectativa e de fazer um acordo a respeito do que é esperado. Quando estouramos, já estamos na fase de “escalar” o problema. Ou seja, vamos às últimas consequências porque estamos a ponto de explodir. Possivelmente chegamos lá pela falta de feedback ao longo do processo, ou pelo menos de um feedback mais construtivo, não baseado somente em críticas e acusações que despertam do outro lado uma postura defensiva. Há ainda a possibilidade de nos calarmos completamente, o que deixa o outro totalmente sem chão com a notícia de que “não dá mais”, sem muito aviso prévio.

Fonte: Lepaya

O ciclo saudável aqui deveria ser o seguinte:

1. Acordo claro: ou seja, ambos são capazes de expressar o que esperam em termos de comportamento, ou o objetivo que têm em mente;

2. Feedback constante: ambos são capazes de dar feedback ao longo do caminho, tanto positivo (elogios), como negativos (quando o acordo não é cumprido);

3. “Escalamos”, ou seja, tomamos uma ação ou decisão mais definitiva somente quando o comportamento não muda ou o feedback não funciona.

Um adendo importante: tente observar também as intenções, não apenas os comportamentos. Pode ser que exista de fato um esforço rolando, ainda que o resultado não tenha chegado lá ;)

Sinceridade Profunda

Quer ver um sinal de que a coisa não está indo bem em termos de sinceridade? Quando você passa mais tempo falando sobre quanto o comportamento de alguém te incomoda para um terceiro, e não diretamente para a pessoa em questão. Ou ainda quando você passa mais tempo ruminando na sua cabeça a respeito deste comportamento do que endereçando o problema diretamente num papo com quem o está provocando.

Não me entenda mal, você tem direito a seu tempo de reflexão, mas é preciso abordar o comportamento. A grande maioria das pessoas tenderá a fugir do conflito para não encarar o desconforto da situação, ou mesmo magoar quem ama. Mas essa fuga gera duas consequências mais dolorosas do que a conversa:

1. Compaixão destrutiva: ao se calar, ou pior, ao negar o problema, você não está ajudando esta pessoa, mas fazendo o contrário. Ela poderá insistir no comportamento problemático, afastando com o tempo você e os outros. Use todo o seu carinho e desejo de não magoá-la para falar a verdade com respeito e empatia;

2. Comportamento passivo-agressivo: você se cala, mas continua expressando seus sentimentos negativos de forma hostil, cínica e silenciosa. Definitivamente não é o que se quer para nenhum dos dois lados.

A melhor receita aqui, se não a única, é a sinceridade profunda, onde você consegue falar do problema claramente, dando ao outro condições de avaliar se aquilo faz sentido, reforçando a sua confiança e suporte ao longo do processo.

Fonte: Lepaya

Escuta Ativa

A escuta ativa envolve mais do que simplesmente ouvir as palavras que estão sendo ditas. Ela requer atenção e envolvimento emocional e mental, com o objetivo de compreender plenamente o que a outra pessoa está tentando transmitir. É algo extremamente difícil de fazer. 

Ao ouvir sua cara metade tente se controlar para não cair nas seguintes armadilhas:

1. Mentalmente preparar suas respostas enquanto o outro está falando - o que significa que você não está realmente ouvindo;

2. Fazer perguntas que insinuam o que você de fato pensa que está acontecendo, e não o que o outro está tentando comunicar - as pessoas percebem tentativas de manipulação;

3. Comparar a sua experiência com o do outro - isso não é sobre você, o momento é de escuta;

4. Interromper completando as frases do outro - isso pode parecer uma tentativa de conexão, mas na verdade demonstra impaciência;

5. Procurar soluções imediatas e não solicitadas - novamente, o momento é de escuta. Controle seu impulso de simplificar a questão e escute com o corpo inteiro, busque o sentimento que está por trás da dor;

6. Preencher o silêncio - nos sentimos super desconfortáveis com longas pausas, mas o silêncio é extremamente poderoso. Não tente preenchê-lo com palavras, que possivelmente vão dissipar o sentido do que está rolando. Encare o silêncio com coragem.

Não generalize

E duas últimas regrinhas de ouro para fechar o pacote feedback:

1. Ao dar um feedback para alguém risque do seu vocabulário as seguintes palavrinhas: você nunca…, você sempre …, obviamente … 

2. Assuma seu feedback, fale sempre por você e não por terceiros. Nada de “todo mundo acha que …”. Fale em primeira pessoa, tratando do fato, e do impacto físico ou emocional (de como ele faz você se sentir).

E aí? Gostou das ideias? Manda então para sua cara metade e bora treinar! ❤️

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Rola uma dificuldade de começar um papo mais profundo? O jogo dos 100 motivos pode ajudar. Abra um vinho e acesse ;)

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